Algumas descobertas sobre minhas preferências para leitura a partir de alguns livros lidos em 2021

Athiley Coura
5 min readMar 8, 2022
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Este texto comenta brevemente seis dos livros que li ao longo do último ano. Como leitura é um hábito tanto quanto novo na minha rotina, decidi compartilhar algumas percepções e observações do que acredito ter me feito conseguir desenvolver o hábito da leitura.

Comecei a ler muito nova, algo em torno dos doze ou treze anos. Ainda assim, nunca desenvolvi de fato um compromisso, ou uma rotina de leitura até o ano de 2021.

Me lembro de ter terminado Fortaleza Digital de Dan Brown ainda na adolescência. Naquela época eu achava o máximo que tivesse conseguido terminar um livro.

Passei anos sem ler, as vezes por falta de interesse, as vezes por ter pouca paciência dependendo do assunto. Em 2021 estreitei laços de amizade com alguém que estava constantemente lendo e compartilhando comentários sobre diferentes autoras e assuntos. Acredito fortemente ter sido diretamente influenciada, uma vez que a curiosidade desperta pelos comentários, permitiu que aos poucos eu me aventurasse em algumas temáticas novas, e autoras dos mais diversos estilos.

Maybe you should talk to someone, foi um dos primeiros livros que li depois de um intervalo de muitos meses sem leitura. A leitura me prendeu a atenção por ter como temática uma psicóloga/terapeuta contando a história de seus pacientes de seu ponto de vista, enquanto obviamente preservava a identidade das pessoas reais por trás daquelas histórias.

Faço terapia há cinco anos e tem sido desde então um dos processos mais ricos de descoberta que já experienciei. Aprendi muitos padrões e tendências do meu comportamente e pensamento, aprendi muito sobre meus princípios e principalmente muito sobre quem eu sou como pessoa. Sendo assim, qualquer temática relacionada a psicologia me prende muito naturalmente.

Descobrir que gosto de ler sobre este tema me ajudou um pouco a buscar outros livros com escritas similares, temáticas relacionadas, autoras com o mesmo estilo.

Um grande fato é que ler só por ler, nunca fará a leitura ser tão prazerosa quanto navegar nas páginas de algo que te envolve e te faz viajar. De forma que saber o que você gosta, e reconhecer seu estilo, é um grande passo para criação do hábito da leitura.

Um defeito de cor, por exemplo, é um livro que acredito exigir uma certa maturidade de leitura e escrita pra absorção real do conteúdo.

Conta a história de uma criança africana que foi vendida em um porto nas proximidades de Savalu, África, junto de sua irmã gêmea, minutos antes da embarcação partir rumo ao nordeste do Brasil.

O livro descreve com detalhes os mais de três meses de viagem pelo oceano, toda a precariedade, e sofrimento envolvidos naquele tipo de embarcação.

Kehinde — filha segunda de irmãos gêmeos em iorubá — cresceu lutando para ter sua história e sua cultura respeitada, enfrentou por anos a escravidão e descreve preconceitos e agressões dos mais diversos tipos sofridos ao longo de sua vida. Kehinde é forçada a trocar seu nome para Luísa — nome de mulher branca — em certo ponto do livro, dentre outros absurdos similares causados pelas famílias nas quais foi comprada/vendida no decorrer de sua história.

O livro é vasto em detalhes e a escrita envelhece junto da personagem, passando por capítulos muito acelerados de acontecimentos intensos, e outros mais introspectivos, de desabafo sobre o passado e sobre questionamentos e decisões que causaram algum impacto ao longo de sua vida.

Passei cerca de dois meses lendo Um defeito de cor, e no meio desta leitura fiz uma viagem para Tarragona, interior da Catalunha, onde li de maneira imersa por três dias seguidos.

Disclaimer: este é um livro que exige consistência e disciplina na leitura para não se perder na história e nos personagens. O livro tem cerca de 900 páginas.

Aprenda a viver o agora, Monja Coen.

No princípio de dezembro de 2021 eu decidi fazer uma viagem sozinha por Madrid. Depois de dois anos intensos de descobertas e sonhos realizados, tinha chegado a hora de olhar para o interior, e organizar tudo de dentro pra fora.

Escolhi ler este livro, pois Monja Coen, mulher brasileira, descreve um processo de altruísmo, generosidade, aceitação e entrega ao mundo, do qual eu estava empolgada pra dividir com ela.

O livro tem um passo bem lento e te conta muito do que você já deveria saber :

Respeito ao próximo, dar antes de receber, amar para ser amado… mas acredito que as vezes é importante relembrar com palavras explícitas, como neste livro, e ainda com exemplos práticos de como viver uma vida mais plena. Um dos principais ensinamentos que o livro me trouxe, foi o entendimento de como o século atual impulsiona comportamentos compulsivos e não pensados na nossa espécie, devido a velocidade com a qual a informação circula atualmente.

Mindfulness, atenção plena, como esta leitura ressalta, é um dos segredos para viver com menos ansiedade e aproveitar mais o agora.

Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios é um livro de romance inteligente, envolvente, e intrigante.

Foi um livro que li em pouquíssimo tempo, assim como Tudo é Rio. No entanto são livros que merecem ser deliciados. Ambos são livros que requerem taças de vinhos em varandas de céu azul em tardes pouco frias em Barcelona.

Ou quiçá uma chuvinha de janela de mãe em uma cidadezinha do interior do Brasil.

Li Tudo é rio em um voo de Lisboa pra Confins. A pandemia ainda estava forte, e eu viajava justamente pra visitar minha mãe, quem há pouco havia adoecido. Eu voltava após um ano e meio longe de casa.

Mal vi o voo passar, cheguei em Minas com poucos capítulos faltando, e com a chuvinha que caiu no primeiro dia, assisti o ypê amarelo nos intervalos cheios de suspiros entre uma cena e outra, enquanto o café de mãe terminava de aquecer o corpo e a alma! Livros que valem ser vividos.

Busco sair da caixa frequentemente com o que leio, e constantemente adiciono doses do que não conheço, não vivi, como uma maneira de abrir os olhos e experienciar a vida conhecendo os limites do que não sei. Me prendo mais em histórias das quais de alguma maneira consigo me identificar, obviamente, mas não me limito a isso.

A viagem da sabedoria é um livro mais fácil para quem está começando no meu ponto de vista. Conta a história de uma viagem psicológica onde o personagem principal encontra com personalidades icônicas de diferentes épocas na história da humanidade.

É um livro de diálogo simples e direto. Entrega alguns ensinamentos de vida, que causam reflexões interessantes. Ao mesmo tempo, especialmente pelas pessoas citadas em cada uma das viagens, acredito que teria um potencial de entrega maior do que o que realmente tem.

Não seria um livro que eu indicaria para amigos que já lêem a mais tempo, e já se envolvem em temáticas mais intensas, e complexas.

Depois de todos estes livros, a minha velocidade de leitura melhorou muito, e a maneira como me engajo com os livros hoje em dia já é muito diferente. Nos dias nos quais não leio, sinto como se algo estivesse faltando!

Estamos em março, e estou agora no meu quinto livro do ano de 2022. Volto em breve pra dar um resumo dos próximos e deixar a dica dos que acredito que valham realmente a pena a leitura!

Obrigada por ler ! :)

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Athiley Coura

Product Owner at @FLYR | Passionate technologist | Talks about Career Transitioning | Running | Self-Awareness | Mental Health | Me transformo, logo existo! ✨